terça-feira, 4 de junho de 2013

Quase viver, jamais

Há um ano quase morri. Volante, sono, árvore, fratura no pescoço, erro médico, cirurgia: quase morri. Provavelmente quase morri muitas vezes, como a maioria de nós que um dia já atravessou uma rua correndo. Mas dessa vez foi um quase bem mais quase. Lembro que aos 8 anos por muito pouco não fui atropelado. Retorno da escola, avenida, chevrolet branco, frenagem brusca: por pouco. O carro rodou na pista e voei. Mas não saí voando pelo impacto e sim pelo susto mesmo. Dei um salto olímpico e dali corri sem querer ver o circo armado, coisa de pivete. E pensando bem, contar as quase-mortes pode ser útil pra caramba. Pois na minha matemática devo mantê-las sempre superiores às vezes que quase vivi. Quase viver é já estar podre antes do último suspiro, é sorrir sem alma, é o desencarno do sonho. Às vezes me cobro por não viver tudo a fundo. Mas quando penso que me permiti e me permito viver coisas que nem estavam no meu itinerário, vejo que vivo o que tenho que viver e arrisco naquilo que nem seria, vivendo uma totalidade improvável, que pode ser curta, mas jamais um "quase". Viver o que nem se deveria viver é viver mais. É também arriscar mais. Mas jamais é quase viver.