quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

CRONOS AO MEIO


36. Estou mais ou menos ultrapassando a metade da vida de um homem com excessivos hábitos, bem como com uma genética que não brinca. É provável (quero acreditar) que os avanços da ciência me façam vencer tranquilamente os 70 e, quem sabe, chegar aos 80 dançando. Pode ser, mas seguindo a cruel matemática da minha história masculina familiar, estou mesmo passando da metade. Metade simbólica, aliás. Metade sonho, metade verdade. Metade separada, dividida. Novo e Velho Mundo. Amor e Vontade. 

É mesmo como uma laranja, agora separada pedaço a pedaço por um oceano. Separada também pelos desejos saciados e insaciáveis. Por aventuras e engenhos do destino. Pelo sim e pelo não. Separada como fruta, e como fruta com sementes. Sementes plantadas, firmes na terra, e outras jogadas sobre a superfície, esperando terra e chuva. Esperando retorno, talvez. E sempre conforto. Esperando mais amor para brotar ou renascer.