quarta-feira, 27 de junho de 2012

Sem lugar



A dor é um inquilino triste. Vive no nosso corpo sem permissão de dar opinião, mostrar a cara na sala, sentar-se à mesa. Indesejada, mas presente. No corte bobo do dedo, na cabeça preocupada, na carne que se machuca por aquela batida na quina da estante. A dor faz parte da vida, é uma de suas caras, faz morada na gente sem a gente querer. É sim um inquilino triste, pois é sombra do que queremos viver na gente. Se der trégua, dor quer festa, sonha correr pela casa, subir e descer escada, querendo quarto só seu, com fronha nova no travesseiro. Sinto informar Dona Dor, volta lá pro quartinho de bagunça, fica lá perdida entre tudo de inútil que uma vida acumula. Sabe o que é, a casa já tá cheia. Tem sorriso demais morando aqui.