quarta-feira, 16 de novembro de 2011

Rio, muito prazer


Quando me mudei pra Roma, Carrie foi uma grande professora de italiano. Foi quando decidi ver em oito dias todas as temporadas de Sex and the City concentradas. Acabei dormindo menos de três horas por dia pra cumprir a tarefa. Valeu, pois a minha Carrie italiana bem dublada nunca mais saiu da minha cabeça e nem do meu vocabulário.

Pra curtir meus últimos dias de morador do Rio, aproveitei a manhã de hoje e pedalei de Copa ao mirante do Leblon. E curti a cidade chuvosa (pois merece ser amada mesmo em dias assim). E pensei o porquê de sofrer com o abandono dessa paisagem e dessa atmosfera. Pois o Rio é sobretudo isso: paisagem e atmosfera. Avaliei ainda o quanto gosto de BH, mas porque BH é minha família, são meus amigos. BH não é uma cidade, mas um endereço de gente que amo. Amo o espaço pelo amor que nele conservo e isso já é o bastante pra garantir felicidade ali.

Confesso: fiz amigos maravilhosos e especialíssimos no Rio, gente que entrou na minha vida para nunca mais sair. Mas o Rio não se ama pelos amigos. Ou não só por isso. Até porque, aqui a maioria (admitam!) são amigos de praia, amigos de rua, amigos do espaço aberto que a cidade oferece e que enreda numa união ou em encontros que dependem quase sempre dela, a cidade. É isso: “Nos vemos”... na praia, no calçadão, de frente a, por aí. Rio é o lugar e os amigos uma consequência geográfica. A cidade se torna o verdadeiro amigo em comum que todos têm e que a todos une.

Fiquei amigo do Rio, amigão. Por isso lembro de Carrie e de como explicava sua relação com NY, que influenciava no humor, nas relações, nos desejos, no sexo, na vida. Exatamente como hoje é para mim e para grande parte dos que no Rio vivem ou viveram. Sobre esta cidade, diria a minha Carrie Bradshaw dublada: “Non è logica, è amore”. 


Pois é, Rio. Foi um imenso prazer.