quarta-feira, 11 de junho de 2008

Love Day e a coisa do meio


O amor tem dessas coisas. Estranhezas. A gente ama até o ponto em que se ama amar. Porque amor é coisa ideal, desejo de algo que te projeta fora da crueza de apenas existir. Amar só vale se você usa óculos colorido de lente espelhada. Cheira a defunto o amor que vê e sabe de tudo como de fato é. Por isso nada como o amor de quando você tem menos de 30. Melhor: menos de 20. Pois o amor de melhor qualidade vem da overdose de inocência. "Meus pais ficaram casados 45 anos. Isso é que amor!", acho que ouvi alguém gritar, abanando insistentes braços no ar. Sinceramente, amor é outra coisa. Nem fim, nem começo. É a coisa do meio. Vem depois da promiscuidade da paixão e antes da complexidade de tudo que dele resulta. O que vem depois pode ser tanta coisa, inclusive um casamento de 45 anos. Amor de verdade, pra ser sincero, não resiste ao tempo, pois só é o que é no estado de pureza. Quando se ramifica em inevitáveis outras possibilidades, não é mais ele. Serão outras coisas malditas e belas, mas outras coisas. Que pesam. E pra identificar amor verdadeiro, basta saber que, sim, ele é cheio de um peso de importancia. Mas que se carrega com leveza.